Era um dia normal, como todos os outros. Estava distraidamente sendo empurrada em uma plataforma de terminal, esperando a boa vontade do ônibus passar.
Olhava eu para a plataforma em frente. Observava o comportamento das pessoas, o modo como somos tão diferentes. Filosofava mentalmente na minha ignorância, quando me deparei com duas criaturas usando um adereço atípico para uma farda colegial: um óculos em forma de coração (sem lentes), com uma cor que variava entre um rosa choque ou escarlate, claro que laminado, jogando os cabelos incessantemente de um lado para o outro, como uma forma de chamar atenção, como se isso fosse necessário.
O caso me levou a refletir em como em cada fase da vida nós temos as nossas ridicularidades próprias. Lembro-me que quando tinha entre 10 a 16 anos (me senti uma velha, agora), eu e todos os adolescentes “normais” nos vestíamos como dementes, mas mesmo assim nos sentíamos o máximo. Essa característica é típica da idade e persiste até os dias de hoje.
Indo mais profundo nisso, vejo uma diferença entre a minha geração e a geração de hoje. Antes, quem gostava de rock, era rock, podendo quem sabe, curtir um reggae ou rap. Quem era pagode, era pagode, podendo variar entre um samba, axé e suas variáveis. Éramos, ainda que estupidamente, críticos e não seguíamos um modismo tão facilmente, a menos que fosse modismo da nossa tribo. Dificilmente éramos tão “ecleticamente massificáveis”... Sim, mas e daí?
E daí que quando eu vou ao shopping, olho pro lado e vejo as patties com tênis de b-girl, (minha revolta, porque não sabem nem o que é isso!) os meninos com cabelos que mais cobrem mais a cara do que outra coisa. Sinto-me uma estranha em não ser uma emo de partinha lambida, falando: - “Isso é uma puta falta de sacanagem, cara, vou xingar muito no twittêêrr!”. Nada contra emos. Mas o problema é que essa geração está um produto da massa e infelizmente ela nem sempre, na maioria das vezes na verdade, é algo bom!
Temos uma leva de adolescentes que não tem personalidade própria, que se deixam influenciar pela novelinha teen da TV ou algum amiguinho idiota que por incrível que pareça, influencia! Sempre foi assim, mas pelo menos antes, ainda havia um resquício de juízo.
Um modismozinho que impede os jovens de desenvolverem as suas personalidades ou consciência crítica, que deixa o que era o futuro da nação mais com cara de presente. E sem futuro!