Outro dia observava meus contatos no MSN e percebi que muitos dos meus melhores antigos amigos de escola, de cursos... agora tornaram-se apenas conhecidos. Nostalgicamente, recordei de como eles compartilhavam comigo seus anseios, problemas, alegrias, segredos e da mesma forma eu fazia. Vieram lembranças de momentos felizes e engraçados: do dia que fomos fazer trabalho na casa de fulano, do dia fugimos da escola para assistir filme na casa de beltrana, das comemorações semanais de encerramento de disciplina, da suave voz da professora de português que lia Sherlock Holmes pra gente e me fez amar Sir Arthur Conan Doyle, entre outros momentos que não caberiam em poucas linhas.
E me questionei: por que será que essas pessoas que antes sabiam de cada passo meu, hoje quando os encontro, falta assunto e ficamos calados olhando pro tempo, parecendo estranhos conhecidos?
Já tive muitos melhores amigos, mas a mudança de escola, o término de cursos, a distância, a principal culpada e o fato de termos crescido e tomado nossos próprios rumos me fez apenas uma lembrança agradável (espero) na mente de várias pessoas e assim, reciprocamente.
Só me resta esperar meus “amigos” que estejam bem e desejar-lhes toda sorte de bênçãos. Dedico a todos vocês, velhos ou novos amigos, ou que ainda estão por vir, esse soneto de Camões.
SONETO 57
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as magoas na lembrança,
E do bem (se algum houve) as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já cuberto foi de neve fria,
E enfim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto,
Que não se muda já como soia